terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Enzo e o ritmo do tango

A venda anunciada de Enzo já tinha mais de 1 ano e meio, no entanto, apenas agora se efetivou. Prestes a completar 29 anos, e tendo em conta que foi vendido por 25M€ limpos (valores do agente e ao clube formador foram pagos pelo Valência) + 5M€ pendentes (prestações) é para mim claro que financeiramente foi um negócio bastante bom para o Benfica. Desportivamente tal perda será fácil de avaliar: se o Benfica for campeão, foi uma ótima venda, se não for, terá sido uma péssima venda.

Se o Benfica não for campeão terá sido porque vendeu Enzo? Para mim, claro que sim. Enzo tem características ímpares que fazem dele um jogador que neste momento seria titular em quase todas as equipas mundiais. Enzo tem um nível de tomada de decisão elevadíssimo e isso faz dele o jogador que é.

Enzo sabe gerir os ritmos, sabe proteger a bola como poucos, sabe fazer passes que queimam linhas, sabe posicionar-se defensivamente no sítio certo, consegue verticalizar o jogo através do drible de uma forma brutal... e isto para já não falar na entrega que apresenta em todos os jogos. Enzo é o cérebro do treinador dentro de campo. É o jogador que consegue perceber e executar o ritmo do tango que a equipa precisa.

Por uma questão de entendimento tático e de leitura de jogo, o substituto natural, quanto a mim, seria Ruben Amorim. Uma vez que Ruben está lesionado, tal papel terá que ser feito por Pizzi.
Pizzi não tem ainda a intensidade nem o conhecimento tático de Enzo e estes serão os principais gaps a colmatar. A intensidade depende do jogador, o conhecimento tático de JJ. A segunda creio que irá acontecer mais mês menos mês, a primeira demorará mais tempo, mas também creio que vá acabar por acontecer.

Se o Benfica for campeão, até final do ano creio que muitos irão dizer que Pizzi até fez mais na 2ª metade do que o Enzo na 1ª metade (porque já não queria cá estar, estava-se a poupar, etc.). Apesar disso ser um bom sinal, não me parece que essas pessoas tenham razão. Este Enzo foi o mesmo do ano passado em tudo o que fazia. Apenas mudou a relação que tinha com o pivot defensivo que este ano precisava muito mais da sua ajuda do que o ano passado. Há quem não perceba isto e há quem não queira perceber.

Aproveito para lançar um outro nome: Fariña. Do pouco que vi do jogador deixou-me com água na boca, mas confesso que posso estar redondamente enganado pois vi mesmo muito pouco. Mas do que vi, sim, pode ser um Enzo...

Obrigado por tudo Enzo, sei que és e sempre serás um dos nossos! Em Maio a gente convida-te para vires festejar o título pois em Valência vais aprender que títulos não se ganham em todos os clubes. Para além disto, tenho a certeza que perceberás que Jesus e o Espírito Santo serem a mesma "coisa" não é algo que se aplique no futebol.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Muito pouco Benfica no clássico

O melhor indicador para medir o trabalho de um treinador (num jogo) é, quanto a mim, o número de oportunidades concedidas Vs o número de oportunidades criadas. É por essa razão que acho que JJ tem feito um trabalho espetacular no Benfica. Se a bola entra ou vai ao poste não depende do treinador. Agora a forma como a equipa consegue chegar lá à frente e impedir que os outros cheguem depende, em muito, do trabalho tático efetuado e da abordagem ao jogo.

Essa é uma das razões porque apesar do Benfica ter ganho 2-0 no Dragão (espetacular resultado) considero que o jogo não foi aquilo que esperava. O FCP tem individualidades espetaculares que para mim teriam lugar nas equipas de topo mundiais, em particular, Alex Sandro, Danilo, Óliver, Brahimi e Jackson são um quinteto de sonho. No entanto, taticamente a equipa do FCP é muito desequilibrada e tem na sua transição defensiva o seu pior momento. A juntar a isto, como a transição ofensiva do SLB é a sua maior arma, pensei que o Benfica iria pregar uns dez sustos ao FCP neste momento do jogo. Tal não aconteceu, e como vi o jogo com o coração ao pé da boca, não consegui fazer uma análise não enviesada do porquê disto ter acontecido.

Parece-me que JJ poderá ter abdicado mais deste momento em função de um maior rigor defensivo e essa não me parece ser a melhor opção. Quando a diferença entre a qualidade da transição ofensiva do SLB e a qualidade da transição defensiva do FCP é tão grande, é neste momento do jogo que devemos colocar as nossas fichas. A cada recuperação de bola do SLB devia ter-se seguido um ataque vertiginoso e tal aconteceu apenas 2 ou 3 vezes. Muito pouco em 90 minutos. O SLB limitou-se a jogar (bastante) bem dois momentos do jogo: a transição defensiva e a defesa organizada. Apenas esporadicamente jogou os outros 3 momentos. Mesmo com muita diferença na qualidade individual, considero que podíamos ter feito mais.

Fico com a impressão que em cada 10 jogos destes, o SLB ganharia talvez 2, e isso é um motivo grande de preocupação. Ao apostar claramente numa transição ofensiva com mais qualidade, tal número poderia chegar facilmente a 5. Porque o FCP é muito mau neste momento do jogo. Seria quase cada tiro, cada melro.

Obviamente que não sei qual a intenção de JJ, se tentou jogar nesse momento do jogo e simplesmente não conseguiu ou se abdicou quase sempre dele. Para os adeptos o importante é o resultado do jogo. Para mim, para além do resultado, há que conseguir ver indicações para o futuro. Deste jogo retiro duas: o FCP pode vir ganhar à Luz e o Benfica (se Janeiro não for catastrófico) vai ser campeão com + de uma dezena de pontos de vantagem.

Com Lopetegui e Bruno de Carvalho, este vai ser o ano mais fácil de Jorge Jesus. Pena para nós que deva ser o último. Esperemos que até lá LFVieira abra os olhos.

Notas de rodapé:
Luisão não é um senhor, é um gigante! Por mim era titular até aos 50 anos!
Amanhã há um jogo muito difícil onde apenas a passagem da eliminatória se aceita. Vai ser muito difícil, principalmente se o gigante não jogar...

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

O lance mais evidente

E eis que deixei para uma análise especial o lance em que o Benfica poderia ter feito o 3-0.


O Benfica tem a bola e coloca-a entre-linhas, criando uma situação de 3x2. Algumas questões e observações:
- distância entre os dois defesas do FCP (Marcano e Alex Sandro). O facto da baliza não estar no meio, justifica o facto da zona central estar despovoada. Importante é marcar a bandeirola de canto "à la Maurício" e o jogador do Benfica que está sem bola.
- O Benfica está a atacar e até nessa fase mantém a defesa organizada e alinhada. Já a do FCP que está a defender, está ainda mais alinhada: é sempre possível traçar um segmento de recta quando definimos apenas dois pontos.
- O jogador do FCP assinalado com um quadrado está a ver se chega ao símbolo da BTV para lhe dar uma cabeçada.
- Os dois jogadores do FCP (Indi e Casemiro) que foram batidos pelo passe iam pedir ao Talisca para jogar aos Cowboys e aos Indis (finalmente um homem cujo posicionamento honra o nome que tem!). O D'Artagnan disse que preferia dar liberdade aos 3 mosqueteiros.

Espero que o Jorge Jesus não veja este post porque se o fizer não conseguirá concentrar-se para o próximo jogo, de tanto rir...

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Análise lances de perigo FCP-SLB


Lance que viria a dar o remate ao lado de Herrera. 1ª situação clara de perigo para o FCP. Pressão bem feita por parte do Benfica, obriga o FCP a bater longo. Erros de Jardel e André Almeida que não alinham por Luisão (central do lado da bola é que define a linha defensiva).




Lance de Jackson que termina com uma grande defesa de Júlio César. FCP a variar flanco de jogo, SLB a bascular bem. Diferença é feita por Alex Sandro primeiro, que tira Sálvio da frente (quando este tenta ir à queima) e depois Brahimi que arrasta bem a marcação, Óliver que deixa a bola passar (estupidamente perfeito) e Jackson que apenas é superado por Júlio César. Pormenor curioso o de JJ nesta imagem. Coletivamente era difícil fazer mais neste lance. As individualidades do FCP a causarem mossa.




Lance do 1-0. FCP a marcar individualmente. Há quem lhe chame um figo, JJ chama-lhe uma Lima... para além da sorte do Benfica em fazer este golo, de realçar o posicionamento ispétaculári de todos os jogadores do Porto. Nota-se o imenso trabalho defensivo de Lopetegui. "Epá, quando for lançamento lateral metemos um gajo a tapar o gajo que faz o lançamento e depois lá dentro cada um agarra um e esperamos."




Lance do 2-0 para o Benfica. Contenção espetacular em Talisca,entre a bola e a baliza a impedir o remate do brasileiro. Linha do FCP em número correto, alinhadíssima, e a controlar a largura e a profundidade. Trabalho tático defensivo de se tirar o chapéu e ir pedindo para colocarem umas moedinhas no chapéu a quem for passando... golo do Benfica (após má defesa de Fabiano) perante a péssima abordagem coletiva ao lance por parte do FCP.





Quaresma já passou por 3 e frente a Júlio César acaba por tentar o passe atrasado onde aparece Samaris (espetacular o posicionamento do grego!) a cortar. Após passar por 2 jogadores um na contenção outro na cobertura, surge um 3º fazendo nova cobertura e que também é ultrapassado. Mesmo assim, não há linhas de passe nem outra alternativa que não o que Quaresma fez ou o remate. Ambas quase condenadas ao insucesso à partida. É assim que coletivamente se defendem as individualidades. Paupérrimo o jogo apoiado do FCP em ataque organizado, especialmente na faixa central - 9 contra 4 (Brahimi não aparece aqui, estava atrás de Jackson) neste ataque organizado(!!!!!) do FCP. Não era uma transição ofensiva, era um ataque organizado e  já estavam a perder 2-0! Lance acaba com mais um pontapé de Quaresma num painel publicitário.




Canto para o FCP, 9 jogadores do SLB dentro da área e aos 76' de jogo, a perder por 2-0, o FCP coloca 4 jogadores dentro da área!! Bola na barra e ainda conseguem ganhar os ressaltos e meter a bola lá dentro após braço de Jackson. Quem falhou? César, acabadinho de entrar, perde para Jackson. Mais uma vez, FCP superior num duelo individual. 



Lance de Jackson à barra. FCP acaba de variar o flanco e o cruzamento de Quaresma é meio golo para Jackson. Falhou o colombiano. Mau posicionamento da linha defensiva do Benfica que devia estar mais recuada para poder atacar a bola de frente e ligeiramente mais próxima da bola. Luisão já havia saído pois claro. Há jogadores que são chave porque até a dormir fazem os movimentos pretendidos por JJ. Quando não estão, sente-se muito pois claro. 80 minutos, 0-2, 5 jogadores do FCP a atacar. E esta é a razão porque o FCP tem muitas dificuldades contra equipas que se fecham bem.



E foi isto. Individualidades 0, Coletivo 2. 

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Análise FCP-SLB

Nota prévia: este é um dos textos que pode estar "biased" pela clubite.


O Benfica tem nesta época individualidades claramente inferiores ao que nos habituou em anos anteriores. Não só pela qualidade intrínseca dos jogadores mas também porque existem ainda muitas dinâmicas por assimilar por vários jogadores. Já do lado do FCP temos individualidades para dar e vender. O melhor onze misto (SLB e FCP) é, quanto a mim: Fabiano, Danilo, Luisão, Indi e Alex Sandro; Casemiro, Óliver e Enzo Pérez; Gaitan e Brahimi; Jackson. Se em vez de 4-3-3 preferíssemos um 4-4-2, entraria Jonas no lugar de Casemiro. Temos portanto 3 ou 4 jogadores do Benfica no melhor onze misto. O FCP teria 7 ou 8. Por aqui se pode ver a diferença de qualidade individual.


No entanto, penso que no domingo o Benfica poderá fazer um bom resultado no Dragão, fruto da sua maior qualidade enquanto equipa, do superior nível de entrosamento entre os jogadores e do conhecimento das dinâmicas coletivas. Para que isto aconteça é fundamental que o Benfica não permita que as individualidades portistas brilhem. Óliver, Brahimi e especialmente Jackson Martinez terão que ser "coletivamente anulados" pela equipa do Benfica. Nunca individualmente, sempre coletivamente, com contenções, coberturas e compensações bem feitas.


Geralmente os clássicos ganham-se no meio-campo. No entanto parece-me que o desta semana será determinado nos últimos terços do terreno. O Porto terá mais bola e o Benfica viverá acima de tudo de transições. E é aqui que se poderá encontrar a chave do jogo. Se o Benfica conseguir suster as individualidades do FCP - e sublinho que neste momento o FCP continua a ser pouco mais do que um conjunto de individualidades - poderá causar mossa através das suas transições ofensivas. Porque o FCP a defender encontra-se a um nível que  considero apenas "sofrível". Tal como também se encontra neste nível a sua 1.ª fase de construção de jogo. O Benfica, jogando com Talisca, Jonas, Gaitan, Sálvio e Enzo, poderá conseguir recuperar algumas bolas nesta 1.ª fase de construção do Porto e causar dissabores à equipa da casa.


Nunca o 4-4-2 fez tanto sentido como neste jogo - onde a defesa do FCP tem muita dificuldade em sair a jogar e vai ser necessário ter desequilibradores com passada larga (Talisca), a queimar linhas (Enzo) e a jogar com o cérebro (Jonas).

O meu prognóstico: 1-3.




terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Perigos da eliminação europeia

A eliminação do Sport Lisboa e Benfica das Competições Europeias este ano não pode, nem deve, ser apenas vista segundo a perspetiva de que ficaremos com menos jogos e portanto poderemos estar mais concentrados nas competições internas.
O fator financeiro também não me parece relevante (o SLB faturou este ano 10M€ e o ano passado 15M€) para que conste desta equação.
No entanto, o factor que mais me preocupa é o da motivação. Não sei como é que a motivação era gerida nos anos anteriores (quando havia Campeonato e Liga Europa), mas considero que deve ter sido muito bem gerida pois conseguiu levar sempre a equipa até aos momentos de decisão.
Associado ao factor motivação existe como primeira derivada o factor concentração. O facto de se jogar muito, poderá em muitos jogadores servir como catalisador para aumentar os índices de concentração. Noutros, terá o efeito contrário e o cansaço fará diminuir esses índices. A minha preocupação vai para jogadores como Enzo, Gaitan e Sálvio que me parece que se encaixam no 1º lote.
Agora sem Europa, sem os grandes palcos, até que ponto é que os jogadores continuam a "querer" ganhar todos os jogos do Campeonato a todo o custo? O Dragão não será um bom indicador pois está inerentemente associado a "jogos que todos os jogadores querem jogar e ganhar".
Se Jorge Jesus achar efetivamente que "sem Europa fica mais fácil ganhar o campeonato" poderá estar a dar um tiro no pé, daqueles que o deixam sem conseguir andar durante muito tempo; por outro lado, se estiver consciente do que foi acima descrito, então estará um passo mais próximo do sucesso. JJ esteve mal a dizer que agora era mais fácil, mas estará muito pior se acreditar realmente nisso.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Desmistificando

Uma mentira muitas vezes contada tende a ser assumida como verdade. Um dos argumentos utilizados para desprestigiar o trabalho realizado por Jorge Jesus é o de que "nenhum outro treinador beneficiou das condições que JJ teve no que diz respeito a investimento no plantel".
Pois bem, apresentam-se em baixo os números desde 2000:

Ano de início de épocaVendas (M€)Compras (M€)Investimento (Compras-Vendas) (M€)
200019.318.3-1
200118.3212.7
20021.50.175-1.325
20030.1310.87
200415.45.5-9.9
20059.85.7-4.1
20069.911.71.8
200754.239.2-15
20087.62618.4
20096.834.327.5
20108836.8-51.2
201141.230.5-10.7
201276.2326-50.23
201339.638.9-0.7
201474.4*36-38.4*
*não contabilizada ainda a venda de Rodrigo por 30M€.

Alguns factos:
- Em 15 anos, apenas em 5 ocorreu investimento. Desses 5, apenas quando JJ aterra no Benfica é um desses anos (2009), sendo que, corresponde ao ano em que houve maior investimento de todos.
- Do top5 de anos de "desinvestimento", JJ está em 4. Neste top apenas entra também o ano após ganharmos o título com Trapattoni.
- No ano em que o Benfica faz a pior classificação da sua história, houve um desinvestimento de 1M€ (2000).
- No ano em que JJ perde tudo no último jogo de cada competição, tinha havido um "desinvestimento" de 50.23M€.
- No ano em que apenas "desinvestiram" 0.7M€, JJ ganha as quatro competições nacionais e perde a final da Liga Europa.

Estes dados foram retirados de:
http://www.transfermarkt.pt/benfica-lissabon/alletransfers/verein/294


sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Crucifiquem-no, crucifiquem-no!!!

Após o sorteio da Champions mandei uma posta de pescada onde atribuía algumas percentagens às possíveis classificações do Benfica neste grupo da Champions. O objetivo, era o de passar em 1º pois ao Sport Lisboa e Benfica não se espera outra coisa. As percentagens eram:

1º lugar - 10%
2º lugar - 20%
3º lugar - 40%
4º lugar - 30%


Com o passar do tempo, fui-me apercebendo da enorme qualidade do Bayer, pelo que, numa nova estimativa reduziria a probabilidade de conseguirmos o 1.o lugar, distribuindo-a pelos 
restantes resultados. Hoje, com o Benfica eliminado em 4º lugar, olho para as percentagens e o que correu "mal" foram os 6 pontos que o Mónaco fez com o Bayer. O jogo em França não pude ver pois jogámos à mesma hora, mas este, consegui ver a 2ª parte. Mas alguém intelectualmente honesto consegue dizer que o 4º lugar é culpa do Jorge Jesus??? Mas alguém esperava que uma equipa que joga dois jogos com autocarros conseguirá ganhar esses dois jogos?? À melhor equipa do grupo??

Em Agosto, alguns diziam que o Benfica iria descer de divisão. Para essas mesmas pessoas, hoje o Benfica é a maior vergonha do mundo por ter ficado em último lugar do grupo. Muitos pediram-me que fizesse a defesa de Jorge Jesus, mas sinceramente não creio ser capaz de a fazer. Jorge Jesus esteve muitíssimo mal quando colocou a bola nos pés dos jogadores do Zenit no primeiro golo dos russos na Luz e também quando voltou a passar-lhes a bola naquele lance em que o Artur é expulso. Obviamente que não teve mão nos jogadores e o resto do jogo não aconteceu cara-a-cara com o Zenit, dez contra onze.

No jogo na Alemanha, a posteriori, todos sabemos que Jorge Jesus efetivamente errou. Até hoje não consigo perceber Cristante no 11 (talvez a capacidade de passe médio/longo visasse ajudar a equipa a sair mais direto da pressão alemã). No entanto, jogou em 4-3-3. O milagre tático por todos apontado permitiu que só levássemos 3-0. Aqui verdadeiramente detestei as opções e não as compreendo.

Em França JJ é mais uma vez culpado pelas inúmeras oportunidades de golo falhadas. Para além disto é inadmissível como é que JJ consegue ter um papel tão ativo na expulsão de Lisandro López! Como é que um treinador pode pedir a um central para entrar de sola daquela maneira??

Na Luz contra o Mónaco ganhámos. 100% mérito dos jogadores. 0% mérito do treinador. Por acaso até acho que este terá sido o 2º pior jogo do SLB na Champions. Mas ganhámos, por isso está tudo bem.

Na Rússia, impossível como é que Jorge Jesus falha 5 ou 6 oportunidades claras de golo! Impossível como é que estando em cima dos russos e a falhar golos, tira um avançado para meter outro! Que estupidez!!! Tirar o Talisca para recuar o Lima para essa posição e colocar o Derley no lugar do Lima realmente não passa pela cabeça de ninguém e foi algo nunca feito até agora! Se ele tem tirado o Samaris e colocado o Derley, aí sim é que estava a tentar encarar o empate como um resultado menos mau! Agora assim??? Colocar todos ao ataque??? Que estupidez!!!
E para além disto o homem vai jogar em 4-4-2 à Rússia??? Claro que depois leva um golo daqueles! Defendemos com tão poucos jogadores claro que levamos golos!! Em 4-3-3 é que era! Porque toda a gente sabe que a tática define o número de jogadores a defender na fase defensiva!!


(lance do golo do Zenti tirado do http://lateral-esquerdo.blogspot.pt/ e removido o texto para não confundir)

Resultado: o Benfica está eliminado das competições europeias e isso deve-se 100% aos erros de JJ. Não há qualquer relação com a qualidade dos jogadores que constituem a equipa do Benfica desta temporada...

Para terminar, cito novamente esse grande blog e números que alguns benfiquistas insistem em teimosamente olhar para o lado e assobiar:
"
- Antes da chegada de Jesus. 15 anos e 5 entradas na fase de grupos da Champions.

- Depois da chegada do mau treinador ao nível da Europa, 5 anos e 5 entradas na fase de grupos da Champions.


- Antes de Jesus, 15 anos e 1 campeonato. 10 classificações abaixo do segundo lugar. E se quisermos igualar o registo de Jesus, vamos ao décimo sexto campeonato. Mas seguindo até ao décimo oitavo os números continuam iguais, ao décimo nono é superado.


- Depois de Jesus 5 anos 2 campeonatos. Sendo que Nunca ficou abaixo do segundo lugar.

"

Jesus para a rua já!!!!!!!! 

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

A importância de um jogo

Há jogos que possuem um grau de dificuldade mais elevado do que aparentemente parecem. O jogo com o Moreirense é um desses jogos.

O Moreirense está a preparar o jogo contra o Benfica há 15 dias e tem tido todos os jogadores disponíveis. Por se tratar de um jogo contra o Benfica, os índices de motivação e concentração estarão no máximo. Taticamente, tem sido uma das boas surpresas da Liga e caso consigam transpor a sua estratégia para o relvado da Luz, a tarefa do Benfica poder-se-á afigurar bastante complicada. Um dos pontos fortes, e que advém do bom posicionamento e rigor tático, é a sua capacidade defensiva. Atualmente, é uma das 5 equipas que possui uma média de golos sofridos inferior a 1 golo/jogo.

Do lado do Benfica, as más notícias é que na 4ªFeira seguinte há jogo decisivo na Rússia, para a Champions, aquela competição que mexe com a cabeça de qualquer jogador. Para além disto, o Benfica não tem treinado com todos os seus jogadores e se por um lado os titulares deviam jogar para ganhar ritmo e entrosamento, a realidade é que o cansaço também não poderá ser muito elevado precisamente para estarem bem para o jogo seguinte.
Um dos principais problemas do Benfica este ano tem sido a falta de rotinas de alguns titulares e a incompreensão básica do modelo de jogo por parte dos suplentes. Isto coloca Jorge Jesus numa encruzilhada onde a manta poderá não servir para cobrir os pés e a cabeça. Se Jorge Jesus não jogar com os titulares contra o Moreirense arrisca-se a facilmente perder o jogo; se jogar, arrisca-se a não conseguir superar o desafio russo, até porque fisicamente o frio é mais exigente.

Como ainda estamos numa fase inicial da Taça de Portugal, existe a tendência para descontrair pois ao princípio "apanham-se equipas fracas". Não é este o caso do Moreirense e não afiguro o jogo nada fácil. Esta é uma competição muito importante para o Benfica e onde não podemos fraquejar, muito menos tão cedo e contra um adversário que, apesar de tudo, é claramente inferior.
Considerando que na Rússia devemos jogar com
Júlio César;
Maxi, Luisão, Jardel e André Almeida;
Samaris, Enzo, Gaitan, Sálvio e Talisca;
Lima

Para sábado jogaria com:
Artur;
André Almeida, Luisão, Jardel e Benito
Samaris, Enzo, Pizzi, Ola John, Sálvio;
Jonas
-> Maxi precisará de descansar depois dos jogos pela seleção, tendo que passar André Almeida para a direita e não havendo mais opções, jogar Benito na esquerda.
-> Samaris precisa de ganhar rotinas com Enzo e colocar Cristante poderia ser demasiado arriscado; Pizzi é inteligente por isso pode e deve jogar; poupava Gaitan para ir lançando Ola John.

Não vai ser fácil...


segunda-feira, 10 de novembro de 2014

A diferença entre JJ e os outros e a importância das rotinas

Aos 10 minutos de jogo, o Nacional tem um golo bem anulado por fora de jogo na sequência de um canto.


Aos 18 minutos, o Benfica tem um golo bem validado, também ele obtido na sequência de um canto.

Nestes 2 lances pode-se ver nível do trabalho que Jorge Jesus tem com os seus jogadores e que a maior parte dos treinadores não consegue atingir. Não é por acaso que JJ tem feito poucas substituições. É que enquanto todos estes pequenos pormenores não estiverem automatizados, é um risco elevado pôr o jogador a jogar. A equipa do Benfica tem um modelo bastante difícil de implementar e que é assegurado por aquilo a que alguns chamam de "mau feitio" ou "teimosia" de Jorge Jesus e a que eu chamo "grau de exigência". É por estas e por outras que Bébé não toca na xixa ou que Gonçalo Guedes ainda só vai treinando com a equipa A. Quem viu ontem o jogo do Paços percebeu porque é que Urreta foi dispensado do Benfica; quando todos estavam em transição defensiva, Urreta assobiava...
Relembro um artigo que saiu na imprensa desportiva (creio que italiana) o ano passado na 2ª mão da eliminatória com a Juventus. Dizia o jornalista que em tantos anos de futebol era a primeira vez que tinha visto uma equipa a fazer fora-de-jogo premeditado (daquela forma) a partir de um canto. Os graus de maturidade da equipa e de coragem do treinador teriam que ser incrivelmente altos para que fizessem isto aos 80 e muitos minutos de uma eliminatória que bastava sofrerem um golo para estarem fora.
Jorge Jesus pode ser (e é!) teimoso, mas a sua melhor teimosia é a de acreditar no seu trabalho! Ele sabe que se continuar no caminho delineado, por muitos púcaros que se possam partir pelo caminho, a quantidade de água que ele traz da fonte é muitíssimo maior do que aquela que outros trariam no seu lugar. Eu acredito no mesmo mas sei que apenas no dia em que Jorge Jesus sair do Benfica muitos outros o reconhecerão.

Resultado das previsões

Há três semanas fiz três previsões:

1 - Portugal vai ganhar na Dinamarca.
2 - Se jogarem os “onzes” normais, o Sporting será eliminado da Taça de Portugal pelo FCP.  Bruno de Carvalho disse que esperava não sair morto do dragão: errou, vai sair morto pelo menos para esta competição; menos uma para não sobrecarregar o calendário.
3 - Daqui a três jornadas haverá pelo menos um candidato ao título que terá reforçado ou reduzido em muito as suas possibilidades de ganhar o campeonato (nessa altura explicarei quem é o quê).


Quanto à primeira previsão, acertei. Não é que Portugal não tivesse podido empatar o jogo, mas com esta previsão o que eu queria dizer era que iria existir uma melhoria substancial na qualidade de jogo da Seleção Nacional. E, como não considero a Dinamarca assim tão forte, achei que teríamos muitas possibilidades de discutir o jogo. Confesso que inicialmente havia escrito "Portugal vai pontuar na Dinamarca", mas depois decidi arriscar um pouco mais e prever que íriamos ganhar. A sorte do jogo veio confirmar o meu prognóstico, mas o facto a destacar é o salto qualitativo dado pela nossa seleção.

Quanto a mim, esse salto deve-se à escolha de melhores intervenientes (a entrada de Ricardo Carvalho e a saída dos esgotados Miguel Veloso e Raúl Meireles sobretudo...) e à mudança do esquema tático. Nenhuma equipa pode jogar em 4-3-3 e ter um extremo que não defende, a não ser que tenha um super médio interior (vide Di Maria no Real Madrid ou Ramirez no SLB) o que não era o caso de Portugal. Com o losango, passámos a ter jogadores em posições que brilham mais (Nani e CR7) e sem o desequilíbrio defensivo que existia. Claro que muita coisa ainda terá de melhorar, mas não tenho dúvidas em afirmar que esta nova seleção teria passado facilmente a fase de grupos no Mundial do Brasil.

No caso da minha segunda previsão a premissa não se verificou, logo deixou de ser uma previsão. Quando se tem uma premissa que não se verifica  não se pode tirar nenhuma conclusão: passamos a ter uma dedução inválida e portanto impossível de determinar se a conclusão é verdadeira ou falsa. Foi o que aconteceu, dado que o FCP não jogou com o onze normal. Não retirando mérito ao Sporting, que o teve e bastante, sublinho o demérito do FCP pois decidiu deixar de fora os melhores jogadores num jogo tão importante - por ser a eliminar e contra um rival direto.

A terceira previsão poderia parecer vaga, mas não o era. O foco não estava em saber que equipa seria mais ou menos candidata. O essencial da previsão era que, depois de três jornadas, alguma equipa já teria descolado (para cima ou para baixo). E que não seria necessário esperar 15 ou 20 jornadas para se ver essa clarificação. No meu entender na altura, três semanas bastariam para se poderia extrair um indicador relevante. E esse indicador hoje é que o Sporting é de facto menos candidato do que muita gente apregoava.

Não, não pratica o melhor futebol de Portugal. Não, não tem um plantel espetacular (para mim até agora tem sido apenas o Nani e mais dez). E sim, as competições europeias pesam. Daí ter considerado que 3 jornadas eram suficientes para obter essa clarificação. E tudo isto quando ainda não surgiram lesões significativas. Se elas vierem e afectarem elementos chave - William Carvalho, João Mário ou Nani- então a situação do Sporting poderá ficar ainda pior.

Uma última nota para FCP e SLB: estão ambos a jogar mal. O primeiro vive à custa das individualidades e o segundo à custa de vestígios de um modelo de jogo bem implantado no ano passado e também de alguma sorte. Há portanto muita coisa a melhorar. Ah, e para que não restem dúvidas, o melhor futebol a ser jogado em Portugal é, para mim, sem sombra de dúvidas o do Vitória de Guimarães (pelo menos dos jogos e resumos que vi).

sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Números de Jorge Jesus - aguardo a vossa análise

Se JJ tivesse feito as pontuações de 2010-2014 desde 2000, quantas vezes teria sido o Benfica campeão? Para cada um desses anos de JJ (2010-2014) a resposta é dada em baixo. A análise deixo para vocês.

2000 2001 2002 2003 2004
Pontos Campeão 77 77 75 86 82
Nº Jornadas 34 34 34 34 34
% Pontos Campeão 75,49% 75,49% 73,53% 84,31% 80,39%
%Pontos JJ10 Campeão Campeão Campeão Campeão Campeão
%Pontos JJ11 Não Não Não Não Não
%Pontos JJ12 Campeão Campeão Campeão Não Não
%Pontos JJ13 Campeão Campeão Campeão Campeão Campeão
%Pontos JJ14 Campeão Campeão Campeão Não Campeão


2005 2006 2007 2008 2009
Pontos Campeão 65 79 69 69 70
Nº Jornadas 34 34 30 30 30
% Pontos Campeão 63,73% 77,45% 76,67% 76,67% 77,78%
%Pontos JJ10 Campeão Campeão Campeão Campeão Campeão
%Pontos JJ11 Campeão Não Não Não Não
%Pontos JJ12 Campeão Não Não Não Não
%Pontos JJ13 Campeão Campeão Campeão Campeão Campeão
%Pontos JJ14 Campeão Campeão Campeão Campeão Campeão












2010 2011 2012 2013 2014
Pontos Campeão 76 84 75 78 74
Nº Jornadas 30 30 30 30 30
% Pontos Campeão 84,44% 93,33% 83,33% 86,67% 82,22%
%Pontos JJ10 Campeão Não Campeão Não Campeão
%Pontos JJ11 Não Não Não Não Não
%Pontos JJ12 Não Não Não Não Não
%Pontos JJ13 Campeão Não Campeão Não Campeão
%Pontos JJ14 Não Não Não Não Campeão




















     Totais
%P JJ10 13
%P JJ11 1
%P JJ12 4
%P JJ13 13
%P JJ14 10
41
Dados JJ
Pontos %PC
JJ2010 76 84,44%
JJ2011 63 70,00%
JJ2012 69 76,67%
JJ2013 77 85,56%
JJ2014 74 82,22%

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Jorge Jesus

Começo este post por afirmar que sou um acérrimo defensor de Jorge Jesus. Sempre preferi um treinador que falasse com o coração do que um que fosse politicamente correto e que não cometesse erros de português. Não me interessam as biqueiradas na gramática ou a arrogância com que afirma que é um dos melhores do mundo, até porque concordo com esta afirmação.

Desde há anos que vejo o futebol de uma forma completamente diferente e isso deve-se ao blog lateral-esquerdo. Parece que se me abriu um novo mundo de futebol. O que aí é dito tem uma base de sustentação infinitamente superior a qualquer outra argumentação que eu tivesse utilizado anteriormente numa conversa sobre futebol. Foi também devido a muita leitura e observação de futebol que hoje consigo saber (ou pelo menos acho que sei) bastante mais do que sabia.

Tudo isto é para chamar a atenção sobre quem é Jorge Jesus - um treinador que fala a linguagem dos jogadores, que trabalha 24 x 7, com ideias próprias que são desconhecidas para 99% dos  treinadores. Sim, porque (tal como o próprio diz) o que ele ensina não se aprende na universidade. O que ele diz resulta da prática e do estudo de não sei quantos anos de carreira como jogador e como treinador.

Com Jorge Jesus, um jogador treina todos os dias com um mister que lhe ensina coisas novas e o obriga a uma superação diária. Se esse jogador passa para as mãos de um treinador que sabe menos que aquilo que o próprio jogador já aprendeu então a motivação desce para níveis catastróficos. Foi isso que aconteceu em várias equipas que tinham um treinador de excelência e passaram a ter um treinador “apenas bom". Lembro-me das equipas de Mourinho, e também do Barcelona após a saída do guru catalão, mas também me lembro do FCP de Vítor Pereira. Não é que Paulo Fonseca fosse um mau treinador mas a cultura tática e as capacidades de leitura do jogo e do adversário de Vítor Pereira são efetivamente gigantes, enquanto que as de Paulo Fonseca serão “apenas boas". Sem dúvida que os jogadores sentem a diferença. Os jogadores do Benfica também a sentirão no dia em que JJ abandonar a Luz.

Este ano o Benfica tem um plantel que não tem ainda um grande conhecimento do jogo. Tal como não tinham os jogadores mais antigos antes de JJ chegar. É necessário dar tempo a JJ para ensinar estes novos jogadores. Por alguma razão eles não saltam do banco em jogos mais importantes: porque o seu conhecimento tático e do modelo de jogo da equipa ainda é reduzido. Claro que poderiam entrar e resolver um jogo, mas a probabilidade de o resolverem contra a sua própria equipa seria ainda maior. O modelo que JJ defende vive de equlíbrios delicados e obriga a uma disciplina tática imensa. Podia não ser assim, mas é. E eu gosto.

Claro que os reforços deviam ter chegado mais cedo para terem tempo de assimilar os novos conceitos, claro que JJ comete erros... Há muitas coisas que são claras. Tal como claras são as explicações para algumas dessas opções.

O afirmar que uma opção foi certa ou errada é feita à posteriori e depende, quanto a mim, do facto de ter ou não aproximado a equipa do sucesso; no entanto, outra coisa é se a opção fazia ou não sentido à partida. E aí sim, o treinador deve ser criticado.

Aguardo por comentários que demonstrem este último caso, ou seja, que situações para vocês é que à partida eram claramente erradas e sem justificação?

Gostaria também que me indicassem nomes de treinadores, dentro do alcance financeiro do Benfica,  que estejam pelo menos no mesmo patamar de Jorge Jesus e que o poderiam substituir.

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Tens coragem de prever?

Gosto de reparar nos adeptos que são radicais e “oscilantes” nas suas apreciações. Dizem: "Eu já sabia que isto ia acontecer porque o jogador/treinador x é muito mau! Não presta mesmo para nada!". Passados uns dias o x tem um bom desempenho e então já lhes parece espetacular e fantástico! Trata-se do típico adepto que tem o melhor treinador do mundo quando ganha e o pior do mundo quando perde.

Gosto de reparar neles porque me sinalizam imediatamente que não vou ser capaz de ter uma conversa com eles. Porque eu não acredito no mau hoje e bom amanhã. Acredito no trabalho que é realizado, ou seja, acredito no processo.

Por detrás de um resultado, existe sempre um processo que permitiu chegar a esse resultado. Claro que o conhecimento do processo não é por si condição suficiente para adivinhar o desfecho final pois, no futebol, existem muitas variáveis que influenciam os acontecimentos.

No entanto, o processo marca toda a diferença. Uma equipa com um mau processo, até pode ganhar muitos jogos seguidos mas jamais conseguirá ser campeã (a não ser que todos os outros tenham processos igualmente maus; lembram-se do Boavista?). Já uma equipa que tenha um processo bom, ou mesmo espetacular, não garantirá o título nacional (especialmente se houver várias equipas com processos igualmente espetaculares; lembram-se de 2011/2012 e 2012/2013?). Mas quem tiver um processo melhor do que os outros estará mais perto de conquistar o que pretende.

Pensemos num processo da agricultura (da qual não percebo nada). Suponha-se que há dois agricultores: um deles trata todos os dias da sua árvore e o outro deixa-a abandonada. Na época da recolha da fruta, não é certo que o primeiro recolha mais frutos do que o segundo (a terra do segundo pode ser melhor, a chuva pode ter caído na medida certa, pode ter tido a sorte de não ter tido nenhuma infestação, etc.). No entanto, se pensarmos a médio e longo prazo podemos afirmar que o primeiro agricultor irá sempre melhorar os seus resultados e acabará por recolher mais e melhores frutos. Porque um bom processo não dá garantia da recolha de frutos imediata, mas garante-nos que acabaremos por recolhê-los, em função da intensidade e inteligência do trabalho realizado. A lei dos grandes números ajuda a perceber esta tese.

Quem observa de fora, não consegue ter a perceção global do processo, apenas pode inferir algumas coisas, olhando para os acontecimentos observáveis. Assim sendo, hoje é a minha vez de, depois de ter tentado perceber o processo, tentar adivinhar alguns resultados finais.

Aqui vai:
1 - Portugal vai ganhar na Dinamarca.
2 - Se jogarem os “onzes” normais, o Sporting será eliminado da Taça de Portugal pelo FCP.  Bruno de Carvalho disse que esperava não sair morto do dragão: errou, vai sair morto pelo menos para esta competição; menos uma para não sobrecarregar o calendário.
3 - Daqui a três jornadas haverá pelo menos um candidato ao título que terá reforçado ou reduzido em muito as suas possibilidades de ganhar o campeonato (nessa altura explicarei quem é o quê).

Deixo um desafio ao leitor!  Se as minhas previsões te parecem erradas, regista aqui as tuas (usa o zona dos comentários) e depois, se tiveres acertado (e só se tiveres acertado!) podes vir aqui gozar comigo. :)

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

O Pivot que (des)equilibra

As equipas de Jorge Jesus sempre foram equipas assumidamente desequilibradas na transição defensiva, sempre que não conseguem recuperar a bola na primeira zona de pressão. JJ desde sempre organizou a equipa para conseguir defender com poucos homens. "A arte de bem defender é defender com poucos; com muitos qualquer um defende", disse Jorge Jesus.
No entanto, numa articulação defensiva há inúmeras variáveis a serem tidas em conta, sendo que uma delas é o pivot (médio defensivo). E é o pivot que neste momento faz do Benfica uma equipa mais fraca que nos anos anteriores, quando se trata de defender com poucas unidades.
Samaris sempre foi um médio construtor e agora, nesta equipa, é-lhe pedido que seja um médio destruidor, ao invés do que é a sua natureza. No modelo de jogo de Jorge Jesus, e nesta fase da época, é mais valioso para a equipa que Samaris saiba destruir do que construir. Quando o SLB perde a bola e os adversários conseguem passar a primeira zona de pressão, sobram na defensiva do Benfica apenas 3 ou 4 jogadores do Benfica. E um destes jogadores deverá ser o pivot, sempre que possível, com a missão de abortar de imediato o ataque adversário.
Sendo assim, o facto de Samaris ainda não ter percebido quase nada da sua missão defensiva está a expor a equipa a contra-ataques bastante perigosos. Esta falha ainda não nos causou nenhum dissabor (no campeonato), mas infelizmente é apenas uma questão de tempo até que isso aconteça, no meu entender.
Desconheço as estatísticas, mas não receio errar quando digo que o Benfica está a sofrer muito mais ataques este ano do que no passado recente. A incapacidade de Samaris de destruir o contra ataque adversário é notória e esta situação necessita de ser corrigida urgentemente.
O próximo adversário no campeonato será o S. C. Braga. A forma de jogar desta equipa cria uma grande oportunidade para avaliar até que ponto os processos defensivos da posição 6 foram ou não adquiridos pelo grego.
Esperemos que as próximas semanas sirvam para afinar tanto os processos de Samaris, como de Lisandro Lopez e Jonas.
Uma última nota sobre Jonas: no último jogo tudo o que este jogador brasileiro fez, fê-lo bem. Adorei! Procurou sempre trabalhar para a equipa e isso notou-se no desempenho global desta. Fez-me lembrar, e muito, o bom Saviola. Gosto tanto de ver jogadores inteligentes em campo!

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Dores de crescimento

Já por várias vezes aqui referi o conceito de modelo de jogo e o tempo que é necessário para que um jogador adquira as rotinas necessárias para se enquadrar num modelo de jogo consistente. Ao contrário do que muitos defendem, não basta a um jogador ter qualidade para se adaptar a uma equipa, a não ser que estejamos a falar de uma equipa taticamente estupidificada, ou seja sem modelo de jogo que se veja.
Felizmente o Benfica é uma equipa que é taticamente evoluída e que tem um modelo de jogo. Tem um treinador competente que se encontra num patamar tático de excelência e cujo trabalho se reflete dentro do campo, No entanto nem sempre foi assim. Nos últimos 30 anos frequentemente o desnorte tático chegou a ser tal que bastava aparecer um Poborsky ou um Brian Deane para que, de um dia para o outro, se notasse uma subida de nível da equipa, sendo esta subida apoiada apenas no talento individual desses jogadores.
Hoje é diferente. É difícil a um jogador chegar ao Benfica, entrar no onze e começar de imediato a produzir a 100%. E mais grave ainda se esse jogador não  fez a pré-época. É para mim evidente que Jorge Jesus exige a todos os seus jogadores que conheçam todas as posições, especialmente na organização e transição defensivas.
O que acabo de dizer é a explicação que justifica o péssimo resultado e a péssima exibição que o Benfica fez ontem na Alemanha.
Com Cristante no meio e Derley na frente, o Benfica foi incapaz de sair da primeira zona de pressão do Bayer, que é o ponto forte dessa equipa e para a qual ontem tinha chamado a atenção. A posição de pivot, a mais importante no esquema de Jorge Jesus (Matic dixit), e contra uma equipa que tem como principal arma a pressão alta e que faz tudo para não deixar o adversário respirar, o jogador que joga a pivot tem que conhecer como a palma da sua mão as rotinas da sua equipa. Infelizmente, Cristante não conhece bem essas rotinas. Aliás, ele ainda não as conhece. Ponto.
Derley foi outro dos problemas pois impediu o jogo direto quando a equipa se encontrava bastante pressionada. Lima, sendo de estatura mais elevada, poderia receber mais jogo aéreo e, com as suas descaídas para as alas e a capacidade de reter a bola, conseguiria permitir o alívio para essas zonas a fim de permitir ao Benfica subir no terreno.
Jorge Jesus esteve pois, no meu entender, muito mal na abordagem a este jogo. O Bayer joga muito bem e faz uma primeira e segunda linhas de pressão demolidoras. O Benfica não soube ultrapassá-las, pelos motivos que ilustrei.
Reafirmo que a equipa demorará ainda algum tempo a aproximar do seu potencial máximo o seu real valor. Até lá, é muito importante controlar os danos, ou seja, procurar não perder muitos pontos.
Quando hoje comecei a ler a capa do Record pensei que tinham percebido exatamente o que se passou. No entanto, quando acabei de ler  reparei que o título era apenas um feliz trocadilho; para mim o título mais acertado teria sido "Dores de Crescimento", pois foi isto que se passou ontem. Continuará a ser assim nos jogos com adversários fortes, com equipas já estruturadas. Talisca ainda não compreendeu nem metade do que lhe é pedido, Lima está mal e Jardel não passará do que já é hoje. Por isso a equipa necessita de novos intervenientes, ou pelo menos de mais e diferentes opções. De momento, jogadores como Bébé, Pizzi, Lisandro López, Samaris, Cristante, Jonas e Derley ainda não conhecem suficientemente as dinâmicas da equipa para que consigam participar no jogo e serem verdadeiras mais valias. O seu tempo chegará, mais mês menos mês, mas por agora temos de nos contentar com o que há. A aspirina de ontem pode ter-nos causado uma forte dor de cabeça, mas serviu para que se perceba que há ainda um longo caminho a percorrer.
No domingo temos pela frente o Arouca, que no ano passado nos arrancou um empate. É preciso ganhar porque só ganhando as dores de crescimento diminuem e se consegue crescer.