sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Números de Jorge Jesus - aguardo a vossa análise

Se JJ tivesse feito as pontuações de 2010-2014 desde 2000, quantas vezes teria sido o Benfica campeão? Para cada um desses anos de JJ (2010-2014) a resposta é dada em baixo. A análise deixo para vocês.

2000 2001 2002 2003 2004
Pontos Campeão 77 77 75 86 82
Nº Jornadas 34 34 34 34 34
% Pontos Campeão 75,49% 75,49% 73,53% 84,31% 80,39%
%Pontos JJ10 Campeão Campeão Campeão Campeão Campeão
%Pontos JJ11 Não Não Não Não Não
%Pontos JJ12 Campeão Campeão Campeão Não Não
%Pontos JJ13 Campeão Campeão Campeão Campeão Campeão
%Pontos JJ14 Campeão Campeão Campeão Não Campeão


2005 2006 2007 2008 2009
Pontos Campeão 65 79 69 69 70
Nº Jornadas 34 34 30 30 30
% Pontos Campeão 63,73% 77,45% 76,67% 76,67% 77,78%
%Pontos JJ10 Campeão Campeão Campeão Campeão Campeão
%Pontos JJ11 Campeão Não Não Não Não
%Pontos JJ12 Campeão Não Não Não Não
%Pontos JJ13 Campeão Campeão Campeão Campeão Campeão
%Pontos JJ14 Campeão Campeão Campeão Campeão Campeão












2010 2011 2012 2013 2014
Pontos Campeão 76 84 75 78 74
Nº Jornadas 30 30 30 30 30
% Pontos Campeão 84,44% 93,33% 83,33% 86,67% 82,22%
%Pontos JJ10 Campeão Não Campeão Não Campeão
%Pontos JJ11 Não Não Não Não Não
%Pontos JJ12 Não Não Não Não Não
%Pontos JJ13 Campeão Não Campeão Não Campeão
%Pontos JJ14 Não Não Não Não Campeão




















     Totais
%P JJ10 13
%P JJ11 1
%P JJ12 4
%P JJ13 13
%P JJ14 10
41
Dados JJ
Pontos %PC
JJ2010 76 84,44%
JJ2011 63 70,00%
JJ2012 69 76,67%
JJ2013 77 85,56%
JJ2014 74 82,22%

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Jorge Jesus

Começo este post por afirmar que sou um acérrimo defensor de Jorge Jesus. Sempre preferi um treinador que falasse com o coração do que um que fosse politicamente correto e que não cometesse erros de português. Não me interessam as biqueiradas na gramática ou a arrogância com que afirma que é um dos melhores do mundo, até porque concordo com esta afirmação.

Desde há anos que vejo o futebol de uma forma completamente diferente e isso deve-se ao blog lateral-esquerdo. Parece que se me abriu um novo mundo de futebol. O que aí é dito tem uma base de sustentação infinitamente superior a qualquer outra argumentação que eu tivesse utilizado anteriormente numa conversa sobre futebol. Foi também devido a muita leitura e observação de futebol que hoje consigo saber (ou pelo menos acho que sei) bastante mais do que sabia.

Tudo isto é para chamar a atenção sobre quem é Jorge Jesus - um treinador que fala a linguagem dos jogadores, que trabalha 24 x 7, com ideias próprias que são desconhecidas para 99% dos  treinadores. Sim, porque (tal como o próprio diz) o que ele ensina não se aprende na universidade. O que ele diz resulta da prática e do estudo de não sei quantos anos de carreira como jogador e como treinador.

Com Jorge Jesus, um jogador treina todos os dias com um mister que lhe ensina coisas novas e o obriga a uma superação diária. Se esse jogador passa para as mãos de um treinador que sabe menos que aquilo que o próprio jogador já aprendeu então a motivação desce para níveis catastróficos. Foi isso que aconteceu em várias equipas que tinham um treinador de excelência e passaram a ter um treinador “apenas bom". Lembro-me das equipas de Mourinho, e também do Barcelona após a saída do guru catalão, mas também me lembro do FCP de Vítor Pereira. Não é que Paulo Fonseca fosse um mau treinador mas a cultura tática e as capacidades de leitura do jogo e do adversário de Vítor Pereira são efetivamente gigantes, enquanto que as de Paulo Fonseca serão “apenas boas". Sem dúvida que os jogadores sentem a diferença. Os jogadores do Benfica também a sentirão no dia em que JJ abandonar a Luz.

Este ano o Benfica tem um plantel que não tem ainda um grande conhecimento do jogo. Tal como não tinham os jogadores mais antigos antes de JJ chegar. É necessário dar tempo a JJ para ensinar estes novos jogadores. Por alguma razão eles não saltam do banco em jogos mais importantes: porque o seu conhecimento tático e do modelo de jogo da equipa ainda é reduzido. Claro que poderiam entrar e resolver um jogo, mas a probabilidade de o resolverem contra a sua própria equipa seria ainda maior. O modelo que JJ defende vive de equlíbrios delicados e obriga a uma disciplina tática imensa. Podia não ser assim, mas é. E eu gosto.

Claro que os reforços deviam ter chegado mais cedo para terem tempo de assimilar os novos conceitos, claro que JJ comete erros... Há muitas coisas que são claras. Tal como claras são as explicações para algumas dessas opções.

O afirmar que uma opção foi certa ou errada é feita à posteriori e depende, quanto a mim, do facto de ter ou não aproximado a equipa do sucesso; no entanto, outra coisa é se a opção fazia ou não sentido à partida. E aí sim, o treinador deve ser criticado.

Aguardo por comentários que demonstrem este último caso, ou seja, que situações para vocês é que à partida eram claramente erradas e sem justificação?

Gostaria também que me indicassem nomes de treinadores, dentro do alcance financeiro do Benfica,  que estejam pelo menos no mesmo patamar de Jorge Jesus e que o poderiam substituir.

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Tens coragem de prever?

Gosto de reparar nos adeptos que são radicais e “oscilantes” nas suas apreciações. Dizem: "Eu já sabia que isto ia acontecer porque o jogador/treinador x é muito mau! Não presta mesmo para nada!". Passados uns dias o x tem um bom desempenho e então já lhes parece espetacular e fantástico! Trata-se do típico adepto que tem o melhor treinador do mundo quando ganha e o pior do mundo quando perde.

Gosto de reparar neles porque me sinalizam imediatamente que não vou ser capaz de ter uma conversa com eles. Porque eu não acredito no mau hoje e bom amanhã. Acredito no trabalho que é realizado, ou seja, acredito no processo.

Por detrás de um resultado, existe sempre um processo que permitiu chegar a esse resultado. Claro que o conhecimento do processo não é por si condição suficiente para adivinhar o desfecho final pois, no futebol, existem muitas variáveis que influenciam os acontecimentos.

No entanto, o processo marca toda a diferença. Uma equipa com um mau processo, até pode ganhar muitos jogos seguidos mas jamais conseguirá ser campeã (a não ser que todos os outros tenham processos igualmente maus; lembram-se do Boavista?). Já uma equipa que tenha um processo bom, ou mesmo espetacular, não garantirá o título nacional (especialmente se houver várias equipas com processos igualmente espetaculares; lembram-se de 2011/2012 e 2012/2013?). Mas quem tiver um processo melhor do que os outros estará mais perto de conquistar o que pretende.

Pensemos num processo da agricultura (da qual não percebo nada). Suponha-se que há dois agricultores: um deles trata todos os dias da sua árvore e o outro deixa-a abandonada. Na época da recolha da fruta, não é certo que o primeiro recolha mais frutos do que o segundo (a terra do segundo pode ser melhor, a chuva pode ter caído na medida certa, pode ter tido a sorte de não ter tido nenhuma infestação, etc.). No entanto, se pensarmos a médio e longo prazo podemos afirmar que o primeiro agricultor irá sempre melhorar os seus resultados e acabará por recolher mais e melhores frutos. Porque um bom processo não dá garantia da recolha de frutos imediata, mas garante-nos que acabaremos por recolhê-los, em função da intensidade e inteligência do trabalho realizado. A lei dos grandes números ajuda a perceber esta tese.

Quem observa de fora, não consegue ter a perceção global do processo, apenas pode inferir algumas coisas, olhando para os acontecimentos observáveis. Assim sendo, hoje é a minha vez de, depois de ter tentado perceber o processo, tentar adivinhar alguns resultados finais.

Aqui vai:
1 - Portugal vai ganhar na Dinamarca.
2 - Se jogarem os “onzes” normais, o Sporting será eliminado da Taça de Portugal pelo FCP.  Bruno de Carvalho disse que esperava não sair morto do dragão: errou, vai sair morto pelo menos para esta competição; menos uma para não sobrecarregar o calendário.
3 - Daqui a três jornadas haverá pelo menos um candidato ao título que terá reforçado ou reduzido em muito as suas possibilidades de ganhar o campeonato (nessa altura explicarei quem é o quê).

Deixo um desafio ao leitor!  Se as minhas previsões te parecem erradas, regista aqui as tuas (usa o zona dos comentários) e depois, se tiveres acertado (e só se tiveres acertado!) podes vir aqui gozar comigo. :)

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

O Pivot que (des)equilibra

As equipas de Jorge Jesus sempre foram equipas assumidamente desequilibradas na transição defensiva, sempre que não conseguem recuperar a bola na primeira zona de pressão. JJ desde sempre organizou a equipa para conseguir defender com poucos homens. "A arte de bem defender é defender com poucos; com muitos qualquer um defende", disse Jorge Jesus.
No entanto, numa articulação defensiva há inúmeras variáveis a serem tidas em conta, sendo que uma delas é o pivot (médio defensivo). E é o pivot que neste momento faz do Benfica uma equipa mais fraca que nos anos anteriores, quando se trata de defender com poucas unidades.
Samaris sempre foi um médio construtor e agora, nesta equipa, é-lhe pedido que seja um médio destruidor, ao invés do que é a sua natureza. No modelo de jogo de Jorge Jesus, e nesta fase da época, é mais valioso para a equipa que Samaris saiba destruir do que construir. Quando o SLB perde a bola e os adversários conseguem passar a primeira zona de pressão, sobram na defensiva do Benfica apenas 3 ou 4 jogadores do Benfica. E um destes jogadores deverá ser o pivot, sempre que possível, com a missão de abortar de imediato o ataque adversário.
Sendo assim, o facto de Samaris ainda não ter percebido quase nada da sua missão defensiva está a expor a equipa a contra-ataques bastante perigosos. Esta falha ainda não nos causou nenhum dissabor (no campeonato), mas infelizmente é apenas uma questão de tempo até que isso aconteça, no meu entender.
Desconheço as estatísticas, mas não receio errar quando digo que o Benfica está a sofrer muito mais ataques este ano do que no passado recente. A incapacidade de Samaris de destruir o contra ataque adversário é notória e esta situação necessita de ser corrigida urgentemente.
O próximo adversário no campeonato será o S. C. Braga. A forma de jogar desta equipa cria uma grande oportunidade para avaliar até que ponto os processos defensivos da posição 6 foram ou não adquiridos pelo grego.
Esperemos que as próximas semanas sirvam para afinar tanto os processos de Samaris, como de Lisandro Lopez e Jonas.
Uma última nota sobre Jonas: no último jogo tudo o que este jogador brasileiro fez, fê-lo bem. Adorei! Procurou sempre trabalhar para a equipa e isso notou-se no desempenho global desta. Fez-me lembrar, e muito, o bom Saviola. Gosto tanto de ver jogadores inteligentes em campo!

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Dores de crescimento

Já por várias vezes aqui referi o conceito de modelo de jogo e o tempo que é necessário para que um jogador adquira as rotinas necessárias para se enquadrar num modelo de jogo consistente. Ao contrário do que muitos defendem, não basta a um jogador ter qualidade para se adaptar a uma equipa, a não ser que estejamos a falar de uma equipa taticamente estupidificada, ou seja sem modelo de jogo que se veja.
Felizmente o Benfica é uma equipa que é taticamente evoluída e que tem um modelo de jogo. Tem um treinador competente que se encontra num patamar tático de excelência e cujo trabalho se reflete dentro do campo, No entanto nem sempre foi assim. Nos últimos 30 anos frequentemente o desnorte tático chegou a ser tal que bastava aparecer um Poborsky ou um Brian Deane para que, de um dia para o outro, se notasse uma subida de nível da equipa, sendo esta subida apoiada apenas no talento individual desses jogadores.
Hoje é diferente. É difícil a um jogador chegar ao Benfica, entrar no onze e começar de imediato a produzir a 100%. E mais grave ainda se esse jogador não  fez a pré-época. É para mim evidente que Jorge Jesus exige a todos os seus jogadores que conheçam todas as posições, especialmente na organização e transição defensivas.
O que acabo de dizer é a explicação que justifica o péssimo resultado e a péssima exibição que o Benfica fez ontem na Alemanha.
Com Cristante no meio e Derley na frente, o Benfica foi incapaz de sair da primeira zona de pressão do Bayer, que é o ponto forte dessa equipa e para a qual ontem tinha chamado a atenção. A posição de pivot, a mais importante no esquema de Jorge Jesus (Matic dixit), e contra uma equipa que tem como principal arma a pressão alta e que faz tudo para não deixar o adversário respirar, o jogador que joga a pivot tem que conhecer como a palma da sua mão as rotinas da sua equipa. Infelizmente, Cristante não conhece bem essas rotinas. Aliás, ele ainda não as conhece. Ponto.
Derley foi outro dos problemas pois impediu o jogo direto quando a equipa se encontrava bastante pressionada. Lima, sendo de estatura mais elevada, poderia receber mais jogo aéreo e, com as suas descaídas para as alas e a capacidade de reter a bola, conseguiria permitir o alívio para essas zonas a fim de permitir ao Benfica subir no terreno.
Jorge Jesus esteve pois, no meu entender, muito mal na abordagem a este jogo. O Bayer joga muito bem e faz uma primeira e segunda linhas de pressão demolidoras. O Benfica não soube ultrapassá-las, pelos motivos que ilustrei.
Reafirmo que a equipa demorará ainda algum tempo a aproximar do seu potencial máximo o seu real valor. Até lá, é muito importante controlar os danos, ou seja, procurar não perder muitos pontos.
Quando hoje comecei a ler a capa do Record pensei que tinham percebido exatamente o que se passou. No entanto, quando acabei de ler  reparei que o título era apenas um feliz trocadilho; para mim o título mais acertado teria sido "Dores de Crescimento", pois foi isto que se passou ontem. Continuará a ser assim nos jogos com adversários fortes, com equipas já estruturadas. Talisca ainda não compreendeu nem metade do que lhe é pedido, Lima está mal e Jardel não passará do que já é hoje. Por isso a equipa necessita de novos intervenientes, ou pelo menos de mais e diferentes opções. De momento, jogadores como Bébé, Pizzi, Lisandro López, Samaris, Cristante, Jonas e Derley ainda não conhecem suficientemente as dinâmicas da equipa para que consigam participar no jogo e serem verdadeiras mais valias. O seu tempo chegará, mais mês menos mês, mas por agora temos de nos contentar com o que há. A aspirina de ontem pode ter-nos causado uma forte dor de cabeça, mas serviu para que se perceba que há ainda um longo caminho a percorrer.
No domingo temos pela frente o Arouca, que no ano passado nos arrancou um empate. É preciso ganhar porque só ganhando as dores de crescimento diminuem e se consegue crescer.

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Bayer - Benfica

Lembro-me bem da última vez que jogámos contra esta equipa pois foi a equipa mais difícil que defrontámos esse ano na Liga Europa (à 2 anos). Apenas conseguimos ganhar os 2 jogos graças a um trabalho tático estupendo de Jorge Jesus, que conseguiu transmitir à equipa exatamente aquilo que ela podia ou não fazer. Este ano o treinador é outro mas mantém-se grande parte dos jogadores, bem como da ideia de jogo. O melhor do Bayer continuam a ser os ataques (onde coloca muitos jogadores na frente) e o início da transição defensiva, conseguindo aqui recuperar muitas bolas na 1ª zona de pressão e daí originar situações de muito perigo. Obviamente que quando esta 1ª zona de pressão é batida não têm um JJ no banco para lhes ensinar a defender 2x2, 3x3 ou mesmo 2x3 ou 3x4. Aqui poderá ser o 1º ponto onde poderemos tirar vantagem: o Bayer vai querer atacar desde início e com muita gente, podendo o Benfica alcançar a vantagem com uma transição rápida; artistas para sair daquela pressão temos e muitos... para além disto, outras das desvantagens, a meu ver, do Bayer é a defesa HxH que faz nos lances de bola parada; aqui o Benfica poderá tirar partido de uma das suas típicas jogadas de bola lançada para o 2º poste para um central que devolve para o meio para alguém finalizar. Será importantíssimo o Benfica não se encontrar nunca em desvantagem no marcador para que possa tirar partido das maiores fragilidades do Bayer.
Preocupações relativamente ao Benfica são as mesmas de sempre... Jardel com a bola no pé e a passar, e o ainda não entendimento global do que lhe é pedido por parte de Samaris.
11 para hoje:
Júlio César; André Almeida, Luisão, Jardel, Eliseu; Samaris, Enzo, Gaitan, Ola John, Sálvio; Lima;
É importante ganhar, mas é muito importante pontuar.