Não gosto de falar de arbitragens, mas para que a conversa se possa centrar no que é importante, começo por falar dela para matar de vez o assunto. A maior parte das pessoas defende que o Benfica foi beneficiado. Caso o árbitro auxiliar entenda que o jogador do Belenenses poderá ter, mesmo que momentaneamente, tapado a visão de Oblak, então o fora de jogo foi bem assinalado. Caso contrário, se assinalou o pretenso fora de jogo de Tiago Caeiro, então claro que o lance é mal anulado. Deverá estar no relatório a razão.
Seguindo para o jogo, parece-me a mim vital realçar e estabelecer o paralelo entre este jogo e o desafio contra o PAOK. Em ambos, o Benfica evidenciou uma falha gritante e que pode condenar a equipa ao insucesso. Felizmente, JJesus já o percebeu e tratou de o expôr em conferência de imprensa. A equipa sofre hoje de excesso de confiança. Efetivamente os processos defensivos estão muito bem oleados e é muito difícil o Benfica sofrer um golo, seja em transição defensiva seja em defesa organizada. No entanto, há sempre um lance de bola parada, um ressalto, um jogador que escorrega, ou tantas outras coisas que podem acontecer e que farão com que o Benfica sofra um golo. No jogo contra o PAOK, a equipa do Benfica estava tranquilíssima e, para além de saber da diferença de valor entre as duas equipas, estava plenamente convencida que não sofreria um golo. E aqui está o erro. No futebol são 11 contra 11 e nem sempre ganha o melhor ou o resultado é justo. O Benfica está-se a sujeitar a um fator que dá pelo nome de sorte e com o qual não se tem dado muito bem nos últimos anos. O Benfica não forçou nada para marcar um golo e limitou-se a controlar o jogo. O problema é que, apesar de efetivamente o Benfica controlar muito bem o jogo, azares acontecem e não nos podemos dar ao luxo de os deixar acontecer. Há que ter margem de manobra, para o caso de azares acontecerem, mesmo assim ganharmos o jogo tranquilamente sem que venham daí perdas de pontos ou eliminações prematuras. Depois surgiu Gaitan e o PAOK foi-se abaixo e surgiram + 2 golos. Correu bem, mas podia não ter corrido. O mesmo se passou no Restelo. O Belenenses não havia criado nenhuma ocasião de golo, no entanto, num lance de bola parada e após não sei quantos ressaltos a bola sobra para o avançado do Belenenses que apenas não empata porque o árbitro anula o lance.
Já aqui havia alertado para o maior problema que existe quanto a mim na equipa do Benfica e que foi dissecado aqui. Parece-me a mim que o problema continua a existir. Caso o Benfica tivesse feito contra PAOK e Belenenses o que fez contra FCPorto e SportingCP, teríamos saído muito mais tranquilos do jogo e "não estávamos agora a ter esta conversa". Atenção que o problema não é "o Benfica está a jogar mal". O problema é "o Benfica está a jogar apenas aquilo que considera suficiente, preocupando-se em controlar o jogo em todos os seus momentos". Mas JJesus "definiu" um 5º momento de jogo (para além do ataque, defesa, transição defensiva e ofensiva): as bolas paradas. E JJ sabe tão bem como qualquer leigo do futebol que estes momentos são muito mais difíceis de controlar e portanto mais suscetíveis de dar azo a golos sofridos. A equipa do Benfica, especialmente pelo passado recente, não poderá viver no limite do sucesso, e porque tem capacidade para resolver o jogo (2-0 ou mesmo 3-0) contra qualquer equipa do campeonato deve fazê-lo rapidamente e então sim controlar "apenas" o jogo. Desta forma aproximar-se-á muito mais do sucesso pois correrá muitos menos riscos. Tanto talento individual de alguns jogadores também não ajuda em nada para combater esta lacuna pois na cabeça de alguns pairará sempre a ideia de que mesmo que sofressem um golo, marcariam outro logo a seguir.
É bom que nos tenhamos safado até agora, mas caso os jogadores não oiçam o seu treinador, poderemos perder já alguns pontos contra o Estoril e, tal como o ano passado, o Estoril pode ser o início do fim. Saibam os jogadores aprender com os seus erros e evitar semelhante catástrofe. JJesus pelo seu discurso parece que já aprendeu.
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