quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

Análise SLBenfica - Borussia Dortmund

Resultado final: 1-0. Objetivos cumpridos: não sofremos golos e ainda conseguimos marcar. O jogo acabou por não ser muito diferente do que projetei, sendo que não esperava que o SLBenfica abdicasse de uma das fases do jogo.
Claro que o SLB teve a sorte do jogo, mas a sorte obviamente que não explica tudo.
Posto isto, parece-me que há vários aspetos que merecem ser analisados em pormenor:

Borussia Dortmund

A equipa alemã é de topo mundial, com intervenientes acima da média. Enquanto que alguns jogadores do Benfica necessitavam de dar 2 ou 3 toques só para parar a bola, a equipa do BVB fazia parecer fácil tudo o que fazia...
Defensivamente deixa bastante a desejar (ontem não deu para ver muito este aspeto), razão pela qual sempre considerei primordial não sofrer golos nesta 1ª mão.

Abdicar de uma das fases de jogo

Talvez pelo receio de perder bolas comprometedoras na 1ª fase de construção (como aconteceu logo aos 12 minutos no 1º lance de perigo do BVB), o SLB abdicou completamente de jogar em organização ofensiva. Jogo direto para os avançados logo a partir do GR. Isto mascára um ponto positivo e que foi o facto de defendermos taticamente bem (muito melhor na 2ª parte claro). Como abdicámos desta fase do jogo, tivémos a bola muito pouco tempo, o que fez com o BVB tivesse um nº de ataques elevadíssimo, acabando por criar várias oportunidades. "Tantas vezes o cântaro vai à fonte que acaba por partir" - manter a posse de bola será uma das opções para melhor defender que Rui Vitória terá que começar a ponderar, pois caso contrário, tanto é o tempo que o adversário tem a bola que acabará por criar perigo.

Organização defensiva 1ª parte

O SLB teve uma atitude muito expectante e esteve organizado em 4-4-2 com uma preocupação extrema com Weigl. A linha defensiva estava baixa (principalmente comparada com o que é normal), o que fazia com que a equipa estivesse pouco compacta e não permitia uma fácil compensação entre os jogadores.


Cada vez que o BVB iniciava a construção, bastava mudar o lado da bola uma ou duas vezes que conseguia criar superioridade num corredor. O facto de ser sempre num corredor veio fazer com que não conseguisse criar muitas oportunidades de perigo, uma vez que o BVB joga preferencialmente pelo meio e o SLB conseguiu tapar esses caminhos. Este ultrapassar fácil da 1ª linha do SLB tinha que ser combatido, por ex., pela troca de elementos entre a linha do meio-campo e atacante, coisa que nunca aconteceu e que o SLB nunca procurou.


De notar que o SLB jogou com o facto do BVB não ter centrais que atacassem sempre e de forma agressiva o espaço. Acontecia de vez em quando, mas situações que a defesa acabava por resolver. As situações de perigo do BVB resultaram de erros individuais e não de um mau posicionamento tático de algum dos elementos defensivos do Benfica.


Organização defensiva 2ªparte

Com a entrada de Felipe Augusto, RV pediu à equipa para jogar defensivamente em 4-1-4-1, uma solução que por aqui se defendeu durante o dia de ontem. O facto de Felipe Augusto ter critério em posse trouxe mais qualidade após a recuperação de bola e a sua abnegação maior coesão defensiva.
A jogar em 4-1-4-1 não houve a descida de Mitroglou para a linha média, mas permitia que fosse um dos interiores (Pizzi ou F.Augusto) a sair à bola quando esta fosse para o seu lado, impedindo a fácil construção com superioridade numérica que havia acontecido na 1ª parte, e mantendo a organização num 4-4-2.



O SLB nesta 2ª parte definiu zonas de pressão - o que não tinha acontecido na 1ª parte onde se tinha mantido expectante. Isto permitiu que a equipa quando identificava a altura correta para pressionar conseguisse recuperar algumas bolas - o canto para o golo de Mitro surgiu após uma recuperação de bola após uma correta identificação do momento certo para pressionar.



Tal como na 1ª parte, o manter por pouco tempo a bola permitiu que o BVB dispusesse de demasiadas tentativas para criar perigo, revelando o Benfica muita dificuldade para sair em transição ofensiva pois apenas Mitroglou se mantinha na frente e este teve muita dificuldade em sair a jogar. O Benfica conseguia sair a jogar apenas quando recuperava a bola alta, pois recuperações em zonas baixas acabavam num pontapé para a frente e noutro ataque da equipa alemã.
As situações de perigo criadas por mérito de construção não foram muitas (tendo em conta o valor do Borussia) e o maior perigo surgiu de ressaltos ou bolas paradas. Por mérito de construção, tudo passou pelos pés de Weigl. Se na 1ª parte o SLB o conseguiu anular por completo, na 2ª não o conseguiu fazer tão bem...


Para a 2ª mão

Para a 2ª mão é importante juntar o que de melhor foi feito na 1ª e na 2ª parte e adicionar a fase do jogo que faltou na 1ª mão. O Benfica estará sempre muito mais longe da qualificação se abdicar do seu processo de organização ofensiva.Não há bola, não há palhaços...
As entradas de Jonas e Felipe Augusto poderão ser o grande trunfo, uma vez que o 1º traz um critério e uma classe inegáveis, enquanto que o 2º conseguirá trazer um maior equilíbrio que já se fez sentir na 2ª parte. Zivkovic poderá ser outro nome a ter em conta caso Rafa continue a demorar a desabrochar.

8 comentários:

  1. Boa análise. Para entrar Jonas e Filipe Augusto, quem tiras? Abraço

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    1. Se fosse hoje, meteria não só Jonas e Felipe Augusto como também Zivkovic. Tiraria Mitro, Sálvio e Carrillo. Manteria Rafa pois sabe mais de futebol do que qq um dos outros extremos, acho que o seu menor rendimento é apenas uma questão de confiança e de personalidade ainda deficiente na assumpção de responsabilidades numa equipa que já estava feita. O seu valor (€) está a dificultar o processo de adaptação e ainda não se conseguiu assumir. Quando isso acontecer, é Jonas, Rafa e mais 9...

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  2. Excelente análise, para não variar!

    O que achas de optarmos por um 4x3x2x1 na Alemanha? Com Pizzi e Filipe Augusto interiores à frente de Fejsa, Jonas e Zivkovic nos meios espaços entre linha defensiva e média, Mitroglou (Jimenez??? Não gosto, mas para contra-ataque...) na frente?

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  3. «Cada vez que o BVB iniciava a construção, bastava mudar o lado da bola uma ou duas vezes que conseguia criar superioridade num corredor. O facto de ser sempre num corredor veio fazer com que não conseguisse criar muitas oportunidades de perigo, uma vez que o BVB joga preferencialmente pelo meio e o SLB conseguiu tapar esses caminhos.»

    Benvindo de volta aos comentários regulares. Isto já fazia falta!

    Quanto ao parágrafo citado, até que ponto achas que não foi premeditado? Eu fiquei com essa sensação ali por volta do minuto 30, em que o BVB passa quase 10 minutos a rodar de um lado para o outro, a equipa do Benfica em harmónico a balançar e a fechar todos os espaços (a jogada acaba na bola longa que o Fejsa perde para o Guerreiro junto à linha de fundo). Sinceramente não me lembro da última equipa que fechou o BVB durante tanto tempo, este ano ou no último.

    Rafa neste jogo pareceu-se-me que deu mais quando no meio do que por fora. Olhando em retrospectiva eu se calhar tê-lo-ia tirado para meter o Filipe Augusto, mas percebo o que o RV queria. Também acho que mais adaptado é titular de caras. Jonas e Rafa como dupla atacante na Alemanha é uma proposta assaz interessante. Ainda bem que o Ziv já limpou o castigo, agora é esperar que RV aposte mesmo em Ziv na Alemanha e não no Sálvio...

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    1. Vai apostar no Salvio à direita e Ziv à esquerda...hèlas pour nous!

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